Explorando Estigma, Discriminação e Perspectivas de Recuperação relacionados aos Transtornos Mentais e Uso de Substâncias Psicoativas junto a Profissionais de Unidades Básicas de Saúde em Ribeirão Preto, Brasil: Ensaio Controlado Randomizado
Podemos compreender o estigma como um conjunto de crenças (falta de conhecimento) e atitudes (preconceito) que excluem socialmente pessoas com determinadas características. Assim, o estigma em relação às pessoas com transtornos mentais e pessoas que fazem uso de substâncias (álcool e substâncias ilícitas), existe em vários contextos, incluindo contextos de saúde. Então, podemos pensar que o estigma está presente em serviços de saúde, como Unidades de Saúde da Família (USFs). Sabemos que as USFs são a porta de entrada para os serviços de saúde do SUS. Nesse sentido, um dos problemas da existência do estigma em serviços de saúde é que ele pode funcionar como barreira para a qualidade dos cuidados. Além disso, se o paciente se sente estigmatizado, ele não voltará no serviço de saúde e não terá acesso ao cuidado integral. Pensando nisso, uma equipe de pesquisadores do Canadá, ligados ao Centre for Addiction and Mental Health (CAMH), desenvolveram um projeto que estudou o estigma dos profissionais de saúde em relação às pessoas com transtornos mentais e que fazem uso de substâncias. Esse projeto foi desenvolvido, com sucesso, em três centros de saúde comunitários do Canadá e resultou na criação de uma intervenção anti-estigma, ou seja, de uma ação desenvolvida junto com os profissionais de saúde e pessoas com transtornos mentais e que fazem de uso de substâncias para a redução do estigma.
A intervenção provou ser eficaz em melhorar atitudes estigmatizantes dos profissionais de saúde em relação a essas pessoas. Diante desse sucesso, nossa equipe de pesquisa, com o apoio da equipe do Canadá (CAMH), da Global Alliance for Chronic Diseases (GACD) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), está desenvolvendo o mesmo projeto no município de Ribeirão Preto, adaptando-o para a realidade brasileira.
Nossos objetivos são investigar e compreender o estigma de profissionais de saúde brasileiros, de USFs, e, junto com eles e com pessoas com transtornos mentais e pessoas que fazem uso de substâncias, desenvolver uma intervenção anti-estigma, de forma a reduzir o estigma na atenção primária. Sendo assim, seis USFs de Ribeirão Preto estão participando do estudo. Até o momento, a equipe de pesquisa já analisou as políticas públicas de saúde e protocolos existentes para atendimento em saúde mental em Ribeirão Preto. Além disso, aplicou três questionários (escalas) que medem o estigma em aproximadamente 200 profissionais de saúde. Ainda, a equipe de pesquisa aplicou quatro questionários em aproximadamente 600 usuários das USFs, que têm algum tipo de transtorno mental ou que fazem uso de substâncias. Os questionários aplicados nos usuários têm o objetivo de medir o estigma que eles sentem por parte dos profissionais de saúde. A equipe de pesquisa tem o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto e dos gerentes das USFs participantes, bem como dos profissionais de saúde envolvidos.
A pesquisa tem outras etapas, como, por exemplo, entrevistas e grupos, que serão realizadas em breve.
A equipe de pesquisa espera contribuir para a melhora do acesso à saúde mental na atenção primária. A ideia também é que a intervenção desenvolvida em Ribeirão Preto possa ser ampliada e adaptada para outras unidades de saúde do Brasil.
Esse projeto também está sendo desenvolvido no Peru e no Chile, por pesquisadores dos respectivos países.
Equipe de pesquisa: Profa. Dra. Carla Aparecida Arena Ventura; Bruna Sordi Carrara; Raquel Helena Hernandez Fernandes; Sireesha Bobbili; Brenda Alice Andrade Vidigal; Aline Castellani Arena; Ana Luiza Martins Moura; Mariana Pereira Esperandio; Camila Varalonga; Marciana Fernandes Moll; Thiago Roberto Castellani Arena; Jacqueline de Souza; Hayley Hamilton; Jaime Sapag; Rita de Cássia Duarte Lima; Edilene Mendonça Bernardes; Iracema da Silva Frazão; Kelly Graziani Giacchero Vedana; Akwatu Kenti; Simone de Godoy Costa; Jürgen T. Rehm.
Folder sobre a pequisa destinado aos usuários das Unidades de Saúde da Família
Folder afixado em quadros de avisos em uma Unidade de Saúde da Família participante.
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